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O Segundo Encontro, com os Índios Brasileiros


Foto Divulgação Veronique Ballot, cineasta, com o Cacique Karakra, Índios Metuktire da nação Kayapo

Uma vida de aventuras no ar, nas matas e no mar. Ser filho de um dos primeiros doze aviadores profissionais do mundo, ser ele mesmo aviador militar da Força Aérea Francesa e construtor de ultraleves, ser abatido por alemães, duas vezes, na Segunda Guerra Mundial quando conheceu o colega aviador autor de O Pequeno Príncipe, um dos primeiros a construir veleiros em fibra de vidro no Brasil e, porque aventura pouca é bobagem, fotógrafo da lendária revista O Cruzeiro, protagonista de uma pendenga de fama internacional com a revista americana LIFE, o Caso Flávio Silva. Isso tudo é só um pouco da vida de Henri Ballot que a sua filha, Veronique Ballot, cineasta baseada em Paris, retrata no Documentário O Segundo Encontro, uma faceta não menos aventuresca e pioneira: baseada na coleção herdada de seu pai, Veronique resgata pessoalmente o que viveu Henri Ballot documentando com imagens os primeiros contatos do homem auto-intitulado “moderno” com os índios do Alto Xingu (norte de Mato Grosso, Brasil), nas expedições dos irmãos Villas Boas (década 1950) em que Henri Ballot era o fotógrafo-jornalista.

Por um desses felizes acidentes que só acontecem às crianças, aos bêbados e aos poetas, das margens do Rio Tejo, conversei com Veronique, ora no Rio de Janeiro. Pois, J.J. Magalhães (Conversa no Pier “O Bruxo de Ubatuba” https://issuu.com/peaze/docs/conversa-no-pier-out2013 ), irmão mais velho de um dos Irmãos Coragem (TV Brasileira), Tarcisio Meira, do alto de seus 87 anos de vida que transporta nos ombros o pioneirismo do mergulho e caça subaquática do Brasil e a “bastilha” da náutica em Terras Tupiniquins, retomando o curso, Magalhães enviou a este observador a notícia de que Veronique Ballot está lançando O Segundo Encontro. – Ora, Henri Ballot foi quem vendeu para Magalhães o Saco do Céu – vivia ali após a Guerra e recebia ilustres amigos como o próprio Antoine de Saint-Exupéry – desafio toda a nação do Facebook e Instagram a mostrar um lugar mais paradisíaco do que o Saco do Céu, na Ilha Grande, Rio de Janeiro. Igual não vale, tem de ser mais lindo.

Há 20 anos atrás, por uma semana, pude desfrutar daquele paraiso com minha esposa e mais ninguém, me sentindo o próprio Adão e por pouco não aceito o convite sério, e pecador, de Magalhães para fazer daquele pedaço nobre do Céu minha morada e um negócio capitalista lucrativo. Hoje em dia o paradisíaco recanto mágico está remodelado com conforto para veranistas do mundo todo – interessados podem fazer contato com o próprio J.J. Magalhães

Esta enorme ligação simbólica tridimensional não pára, mas o objetivo aqui é mesmo divulgar o trailer do Documentário que inicia uma peregrinação global, a propósito, em breve em Portugal sim senhores e senhoras.

Contou-me a Veronique Ballot que o projeto levou justamente 20 anos para chegar ao produto final, quando ela herdou o arquivo fotográfico de seu pai Henri Ballot, pouco antes de sua morte, diz: - “...ele me enviou uma foto minha, criança, nos braços de Krumare” – cacique e tio do cacique Raoni.

Segundo Veronique começou ali a sua febre pelas causas indígenas brasileiras. Que sabemos são muitas (i.e. desmatamentos e reposicionamento insano de reservas indígenas, entre outros).

A produção é independente e como tudo nesta vida contou com a “ajuda” de amigos, neste caso profissionais da indústria do cinema. O projeto ficou de pé através de um “crowdfunding” para custear a montadora, que contribuiu também com o apoio na construção da narrativa. A filmagem utilizou poucos recursos técnicos além de uma câmera e muito suor e contato direto, o “re-encontro” pessoal com os índios. Veronique fala como se tudo fosse algo bem íntimo como de fato é:

“- O objetivo é dar a palavra aos indígenas sobre suas impressões do primeiro contato feito em 1953 no Mato Grosso e a evolução deles até os dias atuais sob as lentes do fotógrafo Henri Ballot que conseguiu superar as dificuldades do momento tão inusitado como foram esses primeiros contatos.”

O filme teve sua pré estréia em Paris 6 de Setembro último, atualmente está sendo exibido em várias salas no Brasil e em breve percorrerá a Europa.

Trailer:

FICHA TÉCNICA

O Segundo Encontro - 70min - Documentário – França - Ano de lançamento: 2019 Formato Vídeo e DCP

Direção:

Veronique Ballot

Som:

Vianney Aube

Montagem :

Daniela Ramalho

Produção e Distribuição:

Veronique Ballot

Sinopse

Há 66 anos acontecia o primeiro encontro entre brancos e os Índios Metuktire da nação Kayapo, que viviam às margens do rio Xingu, no norte do estado do Mato Grosso.

Henri Ballot, meu pai, repórter-fotográfico da revista “O Cruzeiro”, fez parte desta expedição organizada pelos irmãos Villas-Boas.

64 anos depois, eu, Véronique, segui os passos de meu pai. Várias perguntas me guiavam: o que aconteceu com os Metuktire depois de mais de seis décadas de invasão de suas terras pelos brancos? Que impacto aquele primeiro encontro, tão rico em promessas, teve em suas vidas? Que traços encontraria de meu pai, que finalmente pouco conheci, nesse território tão longe dos centros urbanos?

Neste filme, os índios falam, são sobreviventes do primeiro encontro e seus descendentes. Eles confrontam o passado com o presente, revivendo a memória dos Kayapos através das fotos de meu pai.

Este segundo encontro revela elementos de reflexão sobre a questão da sobrevivência e da dignidade das nações indígenas.

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