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Road Map do Café do Brasil, uma visão panorâmica da inteligência do café


Para alguns, a conclusão visual do Road Map é óbvia, embora as soluções prováveis sejam muito difíceis de implementação. Para muitos, pode ser relativa a irracionalidade proposta e a réplica vai começar com a palavra “mas” seguida de uma fieira de explicações sobre determinado naco cortado a seco da árvore corporativa da indústria do Café no Brasil.

O que se quer vislumbrar aqui é que historicamente a indústria do Café foi implantada por Barões que não sujavam as mãos de terra e faziam política numa época em que isso era mais fácil e direto; os benefícios (mais tarde chamados de subsídios) do governo eram garantidos ao senhor da terra que entregava os melhores grãos de café aos ingleses, e outros parceiros estrangeiros, em troca de empréstimos e investimentos no Brasil, muitos inclusive para a implementação de pontes e estradas de ferro com locomotiva e tudo (para escoar Café até os portos, no Rio e São Paulo); uma lógica tão simples quanto perniciosa.

Vê-se que, numa viagem supersônica desde a Lei do Ventre Livre, passando pela Abolição da Escravatura (falta de mão de obra), importação de mão de obra de imigrantes (Polacos, Alemães, Italianos, Portugueses, Japoneses, etc) até o Estado Novo e deste à Perestroika e Desregulamentação até o pseudo-desmantelamento do Estado (i.e extinção do IBC, entre outras autarquias), os Barões do Café foram enterrados no passado mas a sua prática ainda domina a mentalidade nos escritórios climatizados, convertidas em ações apenas diferentes, com objetivos mais imediatos, dada a velocidade com que o mundo gira atualmente, cada vez mais veloz.

Tomando como ponto de partida a consolidação do movimento modernista (*1ª. e 2ª. fases) com a consolidação de nossa língua (brasileira), enquanto sucederam-se novidades emblemáticas como o “Petróleo é Nosso”, “50 anos em 5”, “Esse é Um País que Vai pra Frente”, “Ame-o ou Deixe-o” e até os nossos conturbados dias (repetindo desastrados e desgraçados presidentes sucedidos por vices ou indicados não menos trágicos), do chão à mesa brasileira um paralelo tacanho mas oportuno pode ser feito com outras indústrias de insumos alimentícios tradicionais ou hegemônicos: o trigo, a soja, o arroz e o milho (para não irmos muito mais longe). O Brasil importa a metade do que precisa de trigo, para fazer chegar à boca de cada brasileiro o pãozinho francês (os demais destinos do trigo nacional e importado inclusos); é o segundo maior, bem próximo do primeiro (EUA), produtor mundial de soja, exportando a metade do que produz; planta menos arroz do que consome, importando da Ásia e Índia o que falta na indústria e mesa do brasileiro, que muda o hábito de consumo sem saber que é o preço da importação que altera o tipo de grão que vai para a sua panela, curto ou longo, liso ou não (dada a região de cultura), indiferentemente ao apreço gastronômico; quanto ao milho, é o grão mais produzido no mundo, 850 milhões de toneladas/ano, curioso né? Aqui não somos muito adeptos ao angu e outras receitas nutritivas com milho... Mas tente substituir a farinha de trigo, do kibe de forno, pela de milho, fica com uma crosta dourada, saboroso, sem glúten, além de não ser uma fritura, mais saudável... Continuando, estas comparações oferecem um panorama fascinante para quem gosta de economia, mas serve ao nosso modesto Café do Brasil - Road Map para o seguinte:

O Brasil tem condições, sem precisar investimento de grande porte, para ser o maior produtor de cada um dos itens acima; tem terra, tem clima, tem mão de obra. Ocorre que a maior carga de custos da produção desses itens é de agrotóxicos e fertilizantes (sério!), em alguns cenários chega a quase 50% do custo da produção; e o Brasil não tem uma malha modal de transporte eficiente; e os custos da burocracia e patronal e peso fiscal são absurdamente burros; enquanto os produtores de outros países, consolidados, resolvem problemas até mais sérios do que os nossos (catástrofes geológicas e climáticas) e garantem a supremacia (produtividade e preço). Da mesma forma que todos esses itens chegaram ao Brasil por mãos de estrangeiros, não são originariamente da Terra de Santa Cruz (assim como a laranja, a manga e o fumo) o Café, como o futebol e o samba, ganhou mais do que uma aura como os demais; encontrou um solo melhor do que qualquer outro (norte do Paraná, Mogiana em São Paulo, Mantiqueira em Minas Gerais e parte do Espirito Santo), aliás numa pequena região do Brasil como é a tendência mundial de identificar a qualidade potencial do Café nas bancadas de classificação. Embora novas técnicas e outros vetores estejam permitindo o plantio de Café no Rio Grande do Sul e em Rondônia, ao Norte.

O Brasil manteve-se até o momento disparado como maior produtor mundial e maior exportador milhares de hectares à frente do segundo lugar, respondia até pouco tempo por 50% das exportações globais. Não é mais e está perdendo terreno.

O Café do Brasil ainda é reconhecido como o Melhor Café do Mundo, isso não é pouco e não é nada fácil alcançar, mas o nosso Road Map mostra que estamos congestionados em nós mesmos, enredados dentro de nosso próprio território comportamental.

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