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Do grão à Xícara - Inteligência do Café do Brasil


100 mililitros de água e 10 gramas de pó de café é uma (há inúmeras) boa relação do preparo da bebida mais consumida no mundo. A água vem direto da fonte, para a garrafa ao copo; o café vem direto da terra – mesmo após tantas etapas no processo de produção, ainda é a semente, o grão, torrado e moído que vai para o coador.

De todas as substâncias ingeridas pelo homem, o café é a única que enquanto vem direto da terra revela também um hábito, um modismo, e não raramente um estilo de vida e ao redor do mundo um traço de etiqueta dos mais humildes círculos sociais aos mais elitizados e poderosos encontros entre partes que tomam decisões que vão afetar o mundo inteiro, através de gerações. Há outros exemplos, mas nenhum tão direta e imediatamente assim como o café que, do grão à xícara, demanda apenas sutilezas no preparo para ser imediatamente sorvido, degustado. E deve mesmo ser imediato o consumo.

Como o objetivo aqui é explorar mais uma nuance além da anterior – uma visão panorâmica – este observador quer chamar a atenção para o fato de o café sofrer – ao longo de sua história industrial – adulteração entre o momento da torrefação, moagem e embalagem, antes de chegar ao consumidor. A adição de até 12% de substâncias que não são café, muito frequentemente em vários países autorizada sob a forma legal de “sucedâneos” do café. Embora hajam casos possivelmente não mais praticados de coloração de grãos como o feijão para parecerem café, aquelas 10 gramas acima baixam para menos de 8 e tais substâncias adicionadas ao café embalado não são necessariamente saudáveis ao organismo humano.

A própria casca do café ficou conhecida, e aceita por muito tempo, como a mais frequentemente encontrada na adulteração do café, seja por relaxamento no processo produtivo, seja por ambições de lucro fácil, para aumentar o volume. Até a própria água já foi utilizada para completar os 60kg da saca.

A raiz da chicória tem, na Europa Central, o seu lugar de destaque entre as demais substâncias adulterantes do café, por ser planta que cresce espontaneamente à beira das estradas e em terrenos baldios, donde resulta a facilidade de ser obtida em grande quantidade e por preço muito barato. No caso da chicória e alguns outros substratos há até não só a aceitação como preferência do consumidor. Mas, convenhamos: soja, dente de leão, ameixa, beterraba, cenoura, cascas e frutos do carvalho, colza, caramelo, sacarose, arroz, feijão, amendoim, batata, castanha da índia, caroba, caroço de tâmara, farinhas, féculas, farelo, palha, serragem de madeira, torrões, areia e borra de café, não é o que se espera no café, especialmente no país do melhor café do mundo.

Apesar da microscopia alimentar ser uma disciplina aplicada na análise, de cunho fiscalizador ou classificatório de qualidade, conhecimento este que data da ultima metade do século passado, tanto os cuppers quanto os melhores conhecedores e negociadores de café, não podem garantir a integridade do produto exportado e do consumo doméstico sem a árvore corporativa – regulatória e de sustentação da produtividade, rentabilidade e qualidade do café embalado – funcionar de modo sinergético. O click único que mostra o Café do Brasil – Road Map - Inteligência do Café pode ser o mesmo, talvez com alguma rredução (fusão de esforços e estruturas), mas só vai garantir qualquer sustentação acima, se operar em perfeita sintonia.

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